sábado, 3 de setembro de 2011

"Férias das Férias" - parte II: Bali




Deixo tudo (ou quase tudo) em Bangkok e levo uma mochila com cinco trocas de roupa para passar os próximos dias na Indonésia, ou em uma de suas 13.000 ilhas: Bali. Quatro horas de vôo e chego a Denpasar, a capital de Bali. Entre uma fila de visto aqui e um saque que me deixou “rico” (nunca tinha sacado "UM MILHÃO, Sílvio" – cada dólar vale 8.500 rúpias!!! haha), encontrei um casal (um DJ francês e uma chilena figuras) que ia para a mesma cidade que eu e, 20 minutos depois, estávamos no mesmo taxi contando histórias de viagem. E neste ponto, sempre ouço um “Noooossa, você tá viajando há mais de 5 meses sozinho??”...etc, etc, etc.

Como tinha só 5 dias, infelizmente (e insuficiente para conhecer uma ilha tão especial como Bali), acabei escolhendo três pontos principais: Ubud – um centro cultural da ilha, onde se encontra muita riqueza de arte, pinturas e, claro, muita beleza natural e cultura religiosa; Sanur e Kuta, praias(e que praias!), basicamente. No meio disso tudo, ainda inventei um "cruise" para uma ilha paradisíaca chamada Lembongan.

Bali é um lugar muito fantástico e de paz, especialmente se você não vai para cidades tão turísticas como Kuta (onde o trânsito e o comércio/turismo tomou conta de tudo). O povo balinês é o mais simpático do mundo, ganharam dos Tailandeses!!! Fazem questão de te ajudar, de te chamar pelo nome, de dar bom dia, e de sempre sorrir. É incrível como são “do bem” mesmo!

O que mais achei interessante de tudo foi a religião deles, o hinduísmo - muito forte e onipresente. É a única ilha da Indonésia que é hindu, todo o restante é muçulmana (e, aliás, a maior população muçulmana do mundo vive na Indonésia! Sempre achei que era pelos lados lá do oriente médio). A cada dois passos, encontra-se nas calçadas (geralmente na entrada das casas ou estabelecimentos comerciais) as ofertas aos deuses – uma espécie de recipiente de folha de bananeira com arroz, outros grãos, flores e cores que simbolizam a trindade divina hindu (os deuses Shiva, Vishnu e Bhrama). Quando estas ofertas estão no chão, simbolizam o afastamento dos maus espíritos. Quando estas ofertas estão sobre pequenos templos, ou elevadas de alguma maneira sobre algum muro ou porta, simbolizam a devoção aos deuses – um agradecimento pela riqueza da vida.

Existe uma crença muito forte no espírito e na reencarnação. O Hinduísmo balinês tem influências de muitas outras religiões e crenças onde o poder dos espíritos está em todos os objetos e elementos da vida. Tudo na natureza é manifestação do espírito supremo. O calendário lá tem 35 dias no mês e o ano, 420 dias. E quase todos os dias são sagrados (mudança de lua, nascer do sol, dia do Deus X... há uma centena de dias especiais e de devoção aos deuses). E então, entre os templos que não faltam na paisagem natural da ilha, um mais bonito que o outro, sempre se vê os balineses simpáticos rezando em seus rituais sagrados, acendendo um incenso e colocando mais uma oferta aos Deuses.

A religião hindu acredita na continuação da vida após a morte, e na forte crença de que temos que fazer o bem nessa vida para a evolução de nosso espírito e para que a nossa próxima reencarnação seja ainda melhor. Quando um balinês morre, assim como hindus de todas as partes do mundo, não são enterrados. Eles fazem um ritual de cremação bastante interessante. Há uma espécie de evento mesmo. A comunidade do vilarejo todo se reúne, comem todos juntos, e são construídos carros feitos com bambu e todos enfeitados com figuras hindus, onde o corpo do falecido é carregado em uma procissão até o local de cremação, ao ar livre, juntamente com o carro de bambu e tudo. Depois da cremação, as cinzas são lançadas ao mar (para o deus do mar) e, um dia depois, uma outra procissão ocorre para que a família traga o espírito de volta a casa. Uma espécie de madeira talhada simboliza o objeto onde o espírito volta a residir e este pedaço “sagrado” é venerado todos os dias pela família através das ofertas. Um balinês que conheci me disse que, depois do arroz para alimentação, o que mais se consome na ilha são os “ingredientes” destas ofertas. Elas estão, realmente, por toda a parte!

Uma cremação particular é muito cara, por tudo que envolve a “festa” toda (da comida para o vilarejo todo, à construção dos carros de bambu - e o custo em si da cremação). Chega a custar mais de 10 mil dólares até. E, então, por esse motivo, o que é um costume tradicional é a cremação em massa: vários carros de bambu como expliquei, cada um com um corpo dentro, e centenas de pessoas carregando todo o cortejo até o local de cremação: que sempre ocorre perto do meio dia, por acreditarem que é o horário quando as portas do céu estão abertas. É incrível de ver, muito interessante.

A culinária é fantástica também. Tive que comer tudo lá, sem peso na consciência... nem pelo tanto de comida, nem pelo preço - que é muito barato. O prato mais famoso da ilha é o “suckling pork”, uma espécie de porco no rolo, servido com arroz e legumes – muito bom! E o segundo prato super conhecido também é o “crispy duck”, um pato inteiro assado até ficar crocante, servido com batatas e legumes picantes. Sensacional!! Na ilha há, como em toda a Asia praticamente, o predomínio do arroz na alimentação – e por isso, encontram-se por toda a parte as plantações de arroz: feitas em desnível e completamente alagadas. Uma cachoeira verde quase!! Muito legal!

A beleza natural da ilha... hum...não consigo descrever. De praias com águas cristalinas, a vulcões, serras e encostas recheadas de templos e cachoeiras....realmente tem que ver para entender o que é. Deslumbrante!!

Simplesmente um lugar que deve ser conhecido e explorado com mais calma, sem dúvida. Um dia vou ter que voltar! E daí vai ter que ser um mês inteiro!

Agora to em Dubai, são e salvo, depois de 24 horas em trânsito da Indonésia até aqui com direito a Tuk Tuk de novo em Bangkok em busca da “mala perdida” no meio de um trânsito maluco que quase não me deixa pegar o avião para cá horas mais tarde! Cheguei nos Emirados Árabes sem mala – extraviada!! Felizmente dois dias depois, consegui minhas cuecas limpas de volta! Haha...

To chegando, Brasil!!!!!!!!!!!!!

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